SITUAÇÃO CRÍTICA|: Fogo avança e Pantanal vira cemitério a céu aberto em MT
DA REDAÇÃO:LEIAMT
Neste domingo (19) completam 50 dias do início do incêndio no Pantanal matogrossense. A reportagem percorreu a Transpantaneira, principal rodovia de acesso ao bioma, entre Poconé e o distrito de Porto Jofre, e o cenário encontrado é de muita fumaça, seca e um cemitério a céu aberto.
Desde o município de Poconé já é possível sentir a fumaça e o cheiro de fuligem. Poucos quilômetros após o início da Transpantaneira é notável como a seca severa tem afetado a fauna e a flora. Sob as pontes, onde geralmente os corixos deveriam estar cheios d’água nessa época do ano, há muitos jacarés aglomerados, ilhados em um lamaçal, lutando para sobreviver entre os corpos daqueles que já morreram.
Seguindo pela Transpantaneira, quem já conhece a região de outras épocas se assusta e lamenta profundamente o cenário atual. Ao longo do caminho, vários animais são flagrados tentando sobreviver, como tuiuiús, um dos animais símbolos do bioma, tentando caçar o alimento em meio a lama restante.
Aproximadamente no quilômetro 80 da rodovia, de um lado da Transpantaneira já é possível identificar a fumaça escura predominando na região próxima a Porto Jofre e do outro lado os animais se juntando, em grandes grupos e disputando o pouco espaço com água, próximo a uma área já queimada.
Não são apenas cobras, jacarés, onças e macacos que estão morrendo. O gado das fazendas privadas também sofre. Durante o percurso, a equipe de A Gazeta encontrou um bombeiro militar florestal tentando aliviar o sofrimento de um boi extremamente fraco.
O bombeiro tentou dar água e capim ao animal, que não resistiu ao calor, à seca e a fome e morreu horas depois. “Isso infelizmente tem acontecido muito”, desabafou o militar. Enderson Barreto, voluntário do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad), chama de cemitério a céu aberto o cenário vivenciado no Pantanal no último mês.
“Esse ano a proporção do incêndio, a velocidade com que o fogo chegou, foi um fator dificultador para a sobrevivência dos animais. Estamos monitorando os animais em pontos críticos e tem sido muito desafiador, hoje fez muito calor, um calor fora do normal e além da fumaça dos incêndios, das áreas que são de difícil acesso, agora a gente entra em um período de fome cinzenta. Esses animais começam a procurar por alimento e não tem, devido ao fogo ter queimado tudo por onde passou”.
De acordo com Enderson, as Organizações Não Governamentais (ONGs), em conjunto com o ICMBio e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão pensando estratégias para fornecer alimento e água aos animais em pontos críticos sem alimentação.
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