|POSICIONAMENTOS DIFERENTES|: Outro líder indígena de MT convoca civis para linha de frente em Brasília e ameaça Bolsonaro
DA REDAÇÃO:LEIAMT
O cacique da etnia Paresi, Rony Paresi, da aldeia Wazare, que fica na Terra Indígena (TI) Utiariti, em Campo Novo do Parecis (400 km de Cuiabá), é mais um de Mato Grosso sujeito à possível decretação de prisão em virtude de inflar atos antidemocráticos, inclusive com “derramamento de sangue”, como aconteceu com o Cacique Serere Xavante. O paresi, considerado um dos principais líderes indígenas do Estado, deu início a um movimento de convocação de indígenas e civis para compor uma linha de frente nos protestos em Brasília, que vêm ocorrendo desde 30 de outubro, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições.
Em vídeos divulgados nesta quarta-feira (14), nas redes sociais, cacique Rony convoca os indígenas e civis para marcharem para Brasília e fazerem parte da linha de frente nos atos antidemocráticos. O cacique relata ainda que há muitas pessoas covardes entre os apoiadores e pede a presença deles para vencer a “guerra”.
“Cacique Rony Parecis, junto com demais lideranças e sendo porta-voz dos demais caciques. Nós já consensuamos nossa nova estratégia de caminhada nessa reta final. Estamos em frente ao Palácio Alvorada, residência oficial do nosso presidente Bolsonaro. Muitas pessoas perguntam, muitas mandam mensagens: ´vocês índios irão nos salvar´. Engano! Podemos até contribuir no seguinte sentido, se vocês querem resolver, querem salvar mesmo, venham junto com a gente. Até agora, todos os movimentos que teve parece que só dos índios. Cadê os civis? Estão com medo, não estão tendo tempo, não estão tendo coragem. Agora, digo aos senhores e senhoras, se queremos resolver, vamos para linha de frente de batalha juntos de mãos dadas, dando a cara tapa para gente realmente vencer”, diz cacique Rony no vídeo.
O cacique diz ainda que se os civis não estiverem junto a eles, não irão ganhar guerra e afirma que, sem apoio, irão levantar acampamento.
“Digo mais ainda, nós já decidimos, nós chefes que estamos aqui em frente ao quartel general, os líderes e caciques, se vocês civis não estiverem juntos conosco, ouvindo nossos comandos e andando em um único batalhão de exército, eu digo aos senhores, não vamos ganhar a guerra. Quer que nós salvamos, venha junto conosco. Qualquer ação enérgica vocês precisam estar juntos conosco. Se não estiverem, meus amigos, consensuado, essa semana iremos levantar acampamento”, acrescenta.
Além disso, o cacique chega a citar que existem pessoas covardes e com medo. E insiste em dizer que os civis devem estar na linha de frente nos protestos em Brasília.
“É melhor morrer lutando juntos do que morrer covardemente. Até então, desculpa dizer, eu sinto muita gente covarde que está com medo. Então, se você não é covarde, venha junto conosco, linha de frente, quando estivermos juntos, unidos, conseguimos marchar em qualquer direção para alcançar nosso objetivo”, finaliza.
No perfil de Rony ainda há vários vídeos demostrando apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Em diversas imagens, são mostrados os indígenas junto aos manifestantes acampados em Brasília.
Um dos vídeos, direcionado ao presidente Bolsonaro, o cacique pede que ordene a soltura do cacique José Acácio Serere Xavante, preso na segunda-feira (12), em Brasília, por atos antidemocráticos durante a diplomação do presidente eleito, Lula. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
No vídeo Rony, diz que grava na segunda-feira, após a prisão do cacique Serere Xavante. Na gravação, Rony diz que lideranças indígenas estão prontas para resgatar o cacique Serere Xavante e ameaça o presidente Bolsonaro, caso ele não ordene a soltura do preso.
“Em 42 dias, fizemos nossas manifestações de forma ordeira e pacífica. Hoje, fizemos novamente, mas, infelizmente, de forma covardemente, esse pessoal que se acha dono da lei do país vem fazendo essa atrocidade e, agora, tocou nos índios. Presidente, se o senhor não ordenar, no primeiro momento a soltura do nosso cacique Serere, será derramado sangue. Nós iremos entregar a vida para poder tirar ele de lá”, afirma na gravação.
Continua dizendo que primeiro irá o pelotão de frente e, depois, outros que virão. E volta a ameaçar o presidente, dando um prazo até 12h do dia seguinte para que o cacique Serere seja liberto, caso contrário, ele invocará todos os indígenas para aterrorizar os quatro cantos do país, a começar por Brasília, e haverá derreamento de sangue.
“Caso o senhor não tomar atitude e ação, tudo se voltará contra o senhor, por causa de derreamento de sangue dos indígenas. O senhor ficará eternamente marcado por matar um índio no combate. Outra coisa, se amanhã, até 12h, se nosso líder não estiver conosco, vamos invadir Brasília e haverá o maior derramamento de sangue do país. Então, faça, haja primeira coisa tirando nosso líder. Nós sempre defendemos a questão do patriotismo do bem do povo brasileiro”, diz cacique Rony.
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