|Paridade Internacional|: Petrobras usa desculpa “esfarrapada” para manter política de preços, diz economista

DA REDAÇÃO:LEIAMT

A Petrobras deu indicações, nesta semana, de que os preços dos combustíveis têm tendência de alta. Diante disso, a petroleira afirma que a retirada do preço de paridade internacional (PPI) pode criar risco de desabastecimento, pois o Brasil está importando cerca de 25% do diesel consumido no país.

O argumento da petroleira, que tem capital público e privado, é que o fato de os importadores estarem pagando cerca de 90 centavos mais caro no litro do diesel pode desestimular o setor. Dados da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) mostram que o diesel está defasado em 15%, enquanto a gasolina apresenta defasagem em 19%.

A Petrobras está há mais de 90 dias sem reajustar a gasolina e há cerca de 30 dias sem reajustar o diesel.

Consultado pelo Estadão Mato Grosso, o economista Vivaldo Lopes afirma não acreditar em escassez de diesel. Ele lembra que em quase 70 anos da empresa, foram várias intempéries vividas no mundo e nunca houve falta de diesel no Brasil. Na avaliação do economista, o comunicado da empresa “reflete uma defesa errática para manter a política de preços”.

Vivaldo ainda acrescenta que se, de fato, os importadores se sentirem desestimulados para importar, a Petrobras, como empresa que tem capital público, pode fazer esse papel, utilizando parte do lucro ao qual o governo federal tem direito. Apenas para exemplificar: o lucro da Petrobras em 2021 foi de R$ 106 bilhões, dos quais R$ 37 bilhões foram para os cofres do governo.

“Vejo isso como uma desculpa esfarrapada da Petrobras, ficar fazendo ameaça de que pode faltar diesel se ela mudar a política infernal de reajuste de preço dela. Vejo mais como uma ameaça comercial do que uma realidade. E caso falte diesel aqui, é uma completa incompetência da Petrobrás e dos nossos governantes”, afirma Vivaldo.

Outra solução que poderia reduzir a dependência da importação seria aumentar a mistura do biodiesel ao diesel, que atualmente está em 10%. Neste ano, o percentual de mistura deveria estar em 14%, porém ele foi alterado ano passado em razão do aumento no preço da saca de soja, um dos insumos para produção do biodiesel.

Vivaldo ainda destaca que a mistura do biodiesel estimula a agroindustrialização no Brasil, especialmente em Mato Grosso, que é um dos maiores produtores de grãos do mundo. Além disso, em momentos de ameaça, o volume de soja exportado poderia ser reduzido para garantir estabilidade de fornecimento de combustível no mercado interno.

“Você estimula duas cadeias industriais do óleo de soja do biodiesel localmente. Eu vejo como um grande movimento. Circunstancialmente, o preço da commodity está alta, mas o governo deve estimular aumentar até para 15% a mistura do biodiesel no diesel, para estimular a indústria local e dar a garantia de fornecimento de combustível aqui no Brasil”, conclui.

fonte;estadãomt

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