|CUSTO DE VIDA|: Uso do cartão de crédito leva endividamento a patamar recorde

DA REDAÇÃO:LEIAMT

O aumento nos preços de insumos básicos para a sobrevivência cotidiana, como preços dos combustíveis, energia elétrica e alimentos, fez com que os brasileiros buscassem mais crédito para subsistir, levando índices de endividamento e inadimplência a patamares recorde.

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostra que 77,7% das famílias brasileiras tem contas a vencer. Na comparação com o mês de abril de 2021, houve um incremento de 10 pontos percentuais. A inadimplência também apresentou alta, chegando a 28,6% das famílias com as contas atrasadas.

Vivaldo Lopes, economista consultado pelo Estadão Mato Grosso, demonstra preocupação com os números, que apresentaram elevação em todas as classes sociais, desde as famílias mais pobres às mais abastadas (que recebem até 40 salários mínimos).

“Isso é preocupante. Está levando a um esgotamento das condições das famílias de continuar vivendo e consumindo. O endividamento nem sempre é um sinal de atraso. Ele se endividou, tomou empréstimo de alguma forma para manter sua vida. Endividou no cartão de crédito, no crédito pessoal, no crédito consignado, para poder pagar suas contas cotidianas”, explica.

Entre as famílias endividadas, 29% estão na inadimplência, isto é, com as contas atrasadas há mais de 90 dias. Vivaldo destaca que o número é muito superior ao normal. O economista como exemplo a taxa de inadimplência bancária, que tinha uma média de 3% – uma diferença de 26 pontos percentuais.

A situação vai ficando ainda mais alarmante quando se olha quais são os setores com os quais as pessoas estão endividadas: 89% é com o cartão de crédito.

“Isso é terrível. A taxa de juro por uma fatura não paga, quando entra no crédito rotativo ou simplesmente atrasa a fatura, o juro é de 356%. É uma coisa estratosférica”, alerta Vivaldo.

A análise da Confederação Nacional do Comércio (CNC) é que o aumento no uso do cartão de crédito é um sinal de que o endividamento está ocorrendo essencialmente no consumo de curto prazo, tal como compra de alimentos, combustível ou pagamento de faturas de energia e internet.

O Instituto de Pesquisa da Fecomércio-MT (IPF-MT) também analisou os dados da pesquisa da CNC e aponta que o endividamento dos cuiabanos apresentou um leve recuo, saindo de 72,6% em março para 72,1%. O principal tipo de dívida das famílias cuiabanas continua sendo o cartão de crédito (78,8%), seguido dos carnês e boletos (30,7%).

A explicação para o cenário mais favorável em Mato Grosso, segundo Vivaldo, está no fato de a economia mato-grossense ser mais dinâmica em razão do agronegócio, que fomenta todas as cadeias produtivas, comércio e serviços. Ainda segundo Vivaldo, no primeiro quadrimestre do ano, a renda do mato-grossense tende a aumentar devido à colheita de grãos.

“Nesse primeiro quadrimestre, é natural que tenha ocorrido aumento de emprego em Mato Grosso, aumento da renda. As regiões agrícolas continuam crescendo forte, empregam mais e têm uma renda um pouco maior do que a média de Mato Grosso e a média do Brasil”, destaca.

José Wenceslau de Souza Júnior, presidente da Fecomércio, aponta que prevalece o otimismo entre os empresários em relação aos cuiabanos terem um pouco mais de condições para pagar suas dívidas.

“Estamos abaixo da média nacional no índice de endividamento e inadimplência dos consumidores, o que demostra que a nossa capital está em um caminho reverso do país. Isso está associado com novos empregos sendo gerados e, consequentemente, mais renda para as famílias quitarem suas contas em atraso”, afirma Wenceslau.

fonte;estadãomt

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