CRIME EM JACIARA|: Irmão: “Sinto que amputaram um membro meu; é traumático”

DA REDAÇÃO:LEIAMT

A morte violenta de Soniamar Martins Muniz, de 57 anos, na última sexta-feira (2), abalou a cidade de Jaciara e se tornou uma ferida aberta para toda a família.

A polícia trabalha com a hipótese de que ela foi morta e, sem seguida, teve o corpo queimado por Gabriel Pires de Moraes, de 21 anos (leia mais abaixo).

Está sendo bem traumático. É uma perca irreparável para toda a família

“Sinto que amputaram um braço, um membro meu, porque ela era o meu apoio. Sempre nos apoiamos muito um no outro”, disse Luiz Martins Muniz, de 60 anos, irmão mais velho de Soniamar. “Está sendo bem traumático. É uma perda irreparável para toda a família”.

Natural do Rio Grande do Sul, Soniamar criou raízes em Mato Grosso ainda no início da década de 80. Casou-se duas vezes, teve dois filhos, um de cada relacionamento, e depois vieram as três netinhas.

“Meu sobrinho está muito abalado. Ele é muito conhecido em Jaciara, já que o avô é um dos fundadores da cidade. Todo mundo o procura.  Até as pessoas que ele não conhece. Todo dia fica esse mesmo assunto e a dor vai machucando, fazendo fissura e vai sangrando”, disse.

Luiz conta que a filha mais nova de Soniamar, que mora nos Estados Unidos, planejava levar a mãe para perto dela.

“Minha sobrinha também está super abalada. Ela se sente culpada por ainda não ter levado a mãe. Ela estava mexendo com isso para no futuro levá-la. Eram muito ligadas, a mãe era a vida dela”, disse.

Mulher de força

Soniamar foi descrita como uma mulher forte, determinada e alegre, apaixonada por viagens e novas experiências.

Soniamar, o irmão e a cunhada dela durante refeição em família

Trabalhando há anos como babá de um garotinho, desde que ele nasceu, Soniamar juntava suas economias para passar tempo de qualidade com a família em lugares diferentes.

“Era uma mãe preocupada, uma avó amorosa, uma irmã insubstituível. Muito determinada, uma pessoa carismática, alegre, adorava viajar, conhecer lugares turísticos. Estávamos programando uma viagem juntos”, disse Luiz.

Luiz mora em Várzea Grande, mas ao menos uma vez por mês fazia questão de visitar a irmã. “Ela adorava me receber com um café da manhã de resort, com tudo que eu gostava”.

Morte e dissimulação

O jovem Gabriel Pires de Moraes, de 21 anos, é apontado pela Polícia Civil como o autor do assassinato. Luiz conta que, além de atear fogo no corpo, possivelmente já sem vida, de Soniamar, o rapaz ainda teria tentado simular o suicídio dela.

A tentativa não convenceu nem por um segundo a família, que desconfiou logo de cara das mensagens enviadas pelo celular da vítima.

“Depois de enforcar e atear fogo no corpo dela, ele saiu e mandou uma mensagem para a minha sobrinha nos Estados Unidos. Foi essa a informação que chegou pra gente. Na mensagem ele dizia que ela estava muito triste, se passando pela minha irmã, que estava deprimida”.

Apesar de muito reservada com a vida amorosa, pelo que a família tem conhecimento, Soniamar tinha sentimentos por um rapaz da cidade quando conheceu Gabriel. Luiz diz que essa informação foi usada pelo jovem para tentar ludibriar a família.

“Falou que ela gostava de uma pessoa, que essa pessoa a tinha visto com outro, que seria ele [Gabriel], que ela estava muito abalada e não queria mais esse sofrimento nem para ela nem para os outros”, relata Luiz, sobre o conteúdo da mensagem enviada do celular de Soniamar.

Era uma mãe preocupada, uma avó amorosa, uma irmã insubstituível. Muito determinada, uma pessoa carismática, alegre, adorava viajar, conhecer lugares turísticos

A mensagem, no entanto, diz Luiz, foi enviada enquanto o apartamento já estava em chamas e com a presença do Corpo de Bombeiros.  

O jeito de escrever também chamou a atenção da família. “A mensagem era toda fracionada, escrevia um pouco e passava para outra mensagem. Minha irmã não escrevia assim. Ou ela mandava um áudio ou escrevia aquele texto enorme, tudo junto”.

Gabriel foi registrado pelas câmeras de segurança entrando e saindo do prédio da vítima. Ele confirma que esteve no apartamento, mas nega ter cometido o crime, apesar de ter sido preso com os pertences da vítima no dia seguinte.

“Ele fez compras, pagamento de Uber, litro de uísque, tudo isso ainda na mesma madrugada com o cartão de compras dela”, disse o irmão.

O caso foi enquadrado, conforme o inquérito policial, como roubo seguido de morte. “Espero que pessoa que esteja com a caneta na mão na hora de decidir o destino dele faça aquilo que é justo. A nossa família espera que seja feita a justiça”, disse Luiz.

A família descarta morte acidental.

“De imediato a gente sabia que acidente não era. Minha irmã era daquelas que de 6 em 6 meses chamava o eletricista para olhar todas as tomadas, verificar tudo, se não tinha nenhum fio desencapado. Ela não acendia velas, era muito metódica com isso”.

midianews.

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