|ECONOMIA|: Preço da gasolina atinge menor patamar em 17 meses; etanol acompanha tendência
DA REDAÇÃO:LEIAMT
Os preços dos combustíveis começam a voltar a patamares mais razoáveis nos postos de gasolina, chegando próximo dos preços praticados antes da pandemia de covid, iniciada em março de 2020. Nos postos de Cuiabá, a gasolina já é encontrada por R$ 4,97 o litro, um alívio e tanto para os motoristas, que chegaram a pagar mais de R$ 7 em abril deste ano, durante o auge da crise de petróleo.
Conforme dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a última vez em que o litro da gasolina esteve abaixo de R$ 5 foi em fevereiro de 2021. Portanto, a gasolina vendida nos postos da capital é a mais barata em 17 meses.
São vários os fatores que contribuem para a queda no preço do combustível. O barril do petróleo Brent tem se desvalorizado nos últimos dias, após ter atingido quase US$ 130 com o início da guerra na Ucrânia. Nesta quinta-feira (18), a cotação do petróleo oscilava na faixa de US$ 96, mas já chegou a ser comercializado por US$ 92 dólares no começo da semana. A esperança do setor é que o preço do barril caia para a casa do US$ 80, o que traria um alívio maior à inflação.
“Nós temos uma situação preocupante no mundo com o preço do petróleo. Todo mundo está atuando para melhorar a oferta e isso faz com que os preços vão caindo, o que é bom para todo mundo, principalmente porque diminui a pressão inflacionária. Isso não exige que o Banco Central eleve ainda mais os juros”, esclarece Nelson Soares Júnior, diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (SindiPetróleo).
Nelson explica que o dólar também vem contribuindo para a redução dos preços nas bombas. Nesse ano, a moeda americana chegou a custar R$ 5,50, mas atualmente oscila entre R$ 5,10 e R$ 5,20. A queda também pode tem uma ‘ajuda’ das alterações tributárias, como a redução do ICMS dos combustíveis para no máximo 17%, além da isenção de Pis/Cofins.
Por outro lado, Nelson aponta que não é possível afirmar que o movimento de quedas terá continuidade, devido à forte instabilidade no mercado do petróleo e do dólar, o que influencia diretamente nos preços.
O especialista do setor ainda cita um diferencial da economia brasileira em comparação com o resto do mundo: a redução da atividade econômica foi antecipada no Brasil. Os agentes econômicos brasileiros subiram antecipadamente a taxa de juros para controlar a inflação, enquanto outros países só começam a fazer isso agora.
“A gente fez a lição de casa primeiro que eles. Vínhamos elevando a taxa de juros, enquanto eles estavam dizendo que a pressão [sob a inflação] era temporária, acabou que não foi isso que aconteceu. Agora, eles têm que fazer o que nós já fizemos. A inflação no Reino Unido, pela primeira vez em quarenta anos, atinge dois dígitos”, exemplifica.
Apenas o diesel segue extremamente caro nos postos de Cuiabá, quando comparado com o cenário pré-pandemia. Seu preço é visto como bastante importante, pois afeta toda economia, impactando desde o preço dos alimentos até os produtos industrializados. Antes da crise sanitária, o combustível era vendido por R$ 4,06. Atualmente, ele é vendido nos postos da capital por R$ 7, mesmo com as reduções recentes feitas pela Petrobras.
Já o etanol acompanhou os movimentos da gasolina, pois precisa manter a paridade para ser competitivo frente ao derivado de petróleo. Quando o preço do litro do etanol fica acima de 70% do preço da gasolina, ele deixa de ser competitivo e os motoristas trocam o combustível. Portanto, é natural ocorrer alterações para cima ou para baixo na medida em que a gasolina também se movimenta.
Hoje, o biocombustível é vendido por cerca de R$ 3,50, mas chegou a alcançar R$ 5,14 em abril deste ano. Já no cenário pré-pandemia, o etanol hidratado era vendido por R$ 3,14 e chegou a R$ 2,30 em abril de 2020.
estadãomt.