|Tragédia Ambiental|: Fogo já consumiu 70 mil hectares de vegetação no Pantanal em 2021

Instabilidades climáticas trazidas pelo efeito La Ninã deixaram o período de estiagem mais severo em 2021. A escassez de chuva e o tempo seco são propícios para o  focos de incêndio. No Pantanal, o fogo já consumiu 70 mil hectares da vegetação. Foram registrados 344 focos de incêndio na região. 

O aumento das queimadas no Pantanal tem sido significativo nos últimos anos. Em 2020 bateu recorde: foram 950 mil hectares atingidos pelo fogo, com o registro de 3.773 focos de incêndio.

Dados da plataforma BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam que a incidência de focos de calor na vegetação do Pantanal mato-grossense foi de 90,88%. O levantamento aponta ainda que houve redução de 92,63% das áreas queimadas.

Segundo o professor Ibraim Fantin, especialista em recursos hídricos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o último período chuvoso foi mais curto e isso agravou o período de seca, que deve se prolongar até o final de outubro. Uma das consequências dessa escassez de chuva são os feitos La Ninã, que altera o padrão e chuvas nas bacias do Pantanal e no país como um todo.

“Os períodos chuvosos estão ficando mais curtos e consequentemente a duração da estiagem mais prolongada. E a repetição desses eventos está cada vez maior. Dentro desse panorama a gente atribui esses fatores às mudanças climáticas. O planeta está sofrendo alterações no clima. O desmatamento está ligado diretamente a esses efeitos climáticos que tem causado a escassez da chuva.  Temos que mudar isso ou essa situação vai se tornar cada mais frequente”, explica o professor.

Na região de Cáceres (225 km de Cuiabá), porta de entrada para Pantanal mato-grossense, a prefeitura decretou calamidade pública no dia 24 de agosto, devido ao grande número de queimadas que surgiu no município nas últimas semanas.  

Dois incêndios atingem a região da fronteira com a Bolívia próximo a Cáceres, desde o dia 18 de agosto. Há focos subterrâneos, o que dificulta o trabalho dos brigadistas. Em alguns pontos o fogo foi controlado, mas devido ao tempo seco e baixa umidade do ar as chamas reascenderam. Além disso, a região é distante da cidade e a falta de água tem contribuindo para o aumento de focos.

Os brigadistas lutam para proteger o Parque do Guirá, na fronteira entre os dois países. Uma aeronave da Defesa Civil está atuando na região, através do alijamento de água. Fazendeiros da região também estão atuando no combate ao fogo, usando seus maquinários.  

“O Pantanal pegou fogo no ano passado e a comunidade internacional voltou os olhos pra cá. Tanto governo federal quanto o estadual anunciaram medidas para evitar novos incêndios. Hoje ilhas que estão dentro da cidade estão pegando fogo. Imagine o que vai acontecer com o fogo nos locais mais distantes”, conta  Cézare Pastorello, morador de Cáceres.

Em Poconé (104 km de Cuiabá), até o momento não foi registrado nenhum foco de queimada grave. A região foi uma das áreas mais afetadas pelas queimadas em 2020. Em fevereiro deste ano uma base do Corpo de Bombeiros foi instalada no município para atuar no monitoramento e prevenção aos incêndios florestais na região. Com isso, a resposta aos incêndios ficou mais rápida  na região. Também foram construídos aceiros mecânicos para isolar a vegetação não atingida pelo fogo. Outra ação realizada após a catástrofe de 2020 foi a capacitação dos pantaneiros para atuarem na defesa do bioma.

Nível estadual

Nesta semana surgiram focos de incêndios em vários municípios de Mato Grosso. Em Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá), mais de 700 mil hectares do Parque Nacional foram consumidos pelo fogo.

Entre os municípios de Jaciara (140 km de Cuiabá) e Dom Aquino (170 km de Cuiabá) o fogo teve início no dia 19 de agosto e ainda não foi controlado. A vegetação seca e umidade do ar fazem as chamas se alastrarem com facilidade.

Já em Nova Mutum (260 km de Cuiabá) uma plantação de milho que ainda não havia sido colhida foi consumida pelo fogo na quinta-feira (26). Ao mesmo tempo, os brigadistas autuaram no combate a queimadas nos municípios de Alto Araguaia (418 km de Cuiabá) e Tangará da Serra (251 km de Cuiabá).  

Combate

Conforme o Corpo de Bombeiros, os focos de queimadas são monitorados e mapeados na Sala de Situação Central, localizada na Cuiabá. As base e batalhões do interior do estado também possuem salas que monitoram especificamente suas regiões.  

Na central em Cuiabá, quando identificados focos de queimadas em qualquer região do estado, é feito um breve estudo sobre as condições da local e da dinâmica do fogo. Essa análise leva em consideração as combinações de fatores climáticos, topografia, vegetação, velocidade, direção de vento, área atingida e progressão.    

A partir disso as equipes são designadas para a área afetada. Caso seja necessário reforço de logística material e humana para o local, a situação é repassada para a central.    

O Corpo de Bombeiros chama atenção para conscientização ambiental por parte da população em relação aos riscos de incêndios no bioma Pantanal.  

“É relevante, tendo em vista que nessa época de estação seca e condições climáticas desfavoráveis, qualquer ação antrópica [causa pelo homem]  pode desencadear o início de incêndios florestais. Sendo assim, não executar o uso do fogo para limpeza das propriedades, denunciar aos órgãos ambientais ações criminosas relacionadas ao uso irregular do fogo, estar atento aos incêndios próximos a fim de comunicar de imediato ao Corpo de Bombeiros Militar da ocorrência para que o mesmo diminua o tempo resposta de atuação”, explica o 2° tenente Yohann Reis.

Ele ainda alerta que, além prejuízos ambientais, as queimadas trazem sérios ricos a saúde. “As queimadas, além de matarem diretamente animais e plantas, provocam e afetam outras áreas próximas com o calor e fumaça que pode asfixiar espécies da fauna, aumentam o índice de gases que ajudam no efeito estufa, e contribuem para o aquecimento do planeta, além de serem geradores diretos de diversas doenças respiratórias para todos”, finaliza.  

fonte;hnt

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